segunda-feira, 28 de setembro de 2009

FAUP - Sintomas de que estudas arquitectura:


1. Conheces o sabor do k-line e da madeira balsa.

2. Perguntam-te constantemente “Que cara é essa?”.

3. Mudaste o teu vocabulário: trabalho por entrega, bola por esfera, gente por utilizadores e olá por “O que foi agora?”

4. Não entendes como se pode gastar menos de 10 € numa livraria

5. Odeias que os teus pais digam: “Vai dormir agora” ou “Se de todas as formas não vais terminar…vai para a cama já”; ou mesmo se a simples pergunta “Falta-te muito” te pode chegar a irritar.

6. Estás farto de ouvir dizerem: “Eu queria ser arquitecto…era esse o meu sonho…mas, …”.

7. Os teus amigos têm um conceito de TRABALHO diferente do teu, dizem sempre: “Fazes antes da Aula”, ou “Pedes a alguém…” ou ainda "Não o faças”.

8. Dormiste mais de 20 horas seguidas no fim-de-semana?

9. Podes discutir com legitimidade a quantidade de cafeína de diferentes bebidas e sua respectiva eficácia.

10. Não importa o quanto te esforces para fazeres o teu melhor projecto, alguém [normalmente o professor] dir-te-á sempre "Porque não mudas isto ou porque não pões aquilo?” ou “Vais pelo bom caminho mas ainda te falta…” ou mesmo "tens dedicar mais tempo a isto..."??????

11. Ouviste todos os teus CD's e mp3 em menos de 48horas.

12. Não és visto em público sem olheiras.

13. Quando te fazem um convite, acrescentam: “…, ou tens entrega?”

14. És capaz de reutilizar o impensável para fazer uma maqueta.

15. Dançaste a música mais foleira com coreografia e tudo às 4 da manhã sem uma única gota de álcool no teu organismo.

16. Arranjas constantemente desculpas para explicar aos teus professores que não os de desenho [projecto no nosso caso], o porquê de não fazeres os exercícios.

17. Tens mais fotografias de paisagens e elementos para utilizar em um desenho que de toda a tua família.

18. Se alguém te diz: “Preguiçoso”, “Tens um curso super relaxado” ou“não é o mais difícil dos cursos”; quiseste assassinar essa pessoa.

19. Os teus pesadelos consistem em não chegar a tempo ou não terminar algo para uma entrega.

20. Podes viver sem contacto humano, luz e comida mas se não podes pontapear algo, é o caos total

21. Os teus pais têm medo de usar palavras como “bonito” ou “feio”.

22. Não te importas com os carros desportivos. O teu favorito é o que puder levar a maior das maquetas.

23. Desenhas coisas espectaculares sem teres ideia do seu custo.

24. Tens a marca do arquitecto: um calo no dedo em que apoias o lápis.

25. Consegues dormir em qualquer superfície, seja ela, um teclado, uma mochila, os teus colegas, no chão,
comida,…

26. Estavas acordado em milhares de amanheceres mas não assististe a nem um.

27. Cada vez que aprendes a trabalhar num novo programa de desenho sentes-te super actualizado, no entanto cedo te dás conta de que existem mais 1000 programas.

28. Quando por fim tens tempo para sair os teus pensamentos são: “Que mal colocados estão as casas de banho da discoteca”, “este não é o melhor lugar para a saída de emergência” ou “as escadas são…”.

29. Uma das escovas de dentes que tens na tua casa de banho é a do teu colega de entregas.

30. Identificaste-te com tudo isto.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Agora que parto (...)


(Melodia, Julho de 2009)


Eu continuo a procurar-te por entre o terror da sentença.


sábado, 12 de setembro de 2009

Dissonâncias

(12set - FAUP !?)


Oh, irrefutável sentimento!
Oh, vil fúria do destino!

Fosse a saudade caravela,
Fosse a solidão porto seguro,
Abarcar-me-ia, sentinela
No poço vazio do silêncio,
Na falsa e vaga gota do futuro.


(Ricardo Leitão)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Prólogo Anunciado

(Louvre, Paris - entre 1830 & 2008 )


Eram os teus olhos que eu procurava no meio da multidão. Eram os teus passos, ainda, que eu ouvia abafados de encontro aos reflexos fulminantes da grande pirâmide invertida. Era a tua voz que eu continuava a ouvir ao ritmo da chuva, lenta e denunciada, a fazer prever todo um ambiente de catedral gótica no seu expoente de fúria. Hoje quero olhar pela janela e ver traços intermitentes que me desviem a vista cansada para os Pirinéus. Hoje quero deixar para trás a "ocidental praia lusitana" que me viu nascer e me vê partir com olhos raiados de sangue, suor e saudade.

A noite geme derrotada, e dá à luz o último queixume.
E o meu legado resume-se à promiscuidade dos dias, rasos.



(Ricardo Leitão)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Noites de sótão

(Ao som de: Nocturne no. 3, op. 15 in G - Fréderic Chopin)


Lembro-me vagamente - lá fora e ali, uma sequência de tons mais altos ao relento - de me teres falado num livro qualquer que andavas a escrevinhar. Mostraste-me uns quantos guardanapos de papel amarrotados e espalhados pela tua mala, e um caderno de argolas bolorentas e esguias. Guardaste as mortalhas, acendeste o dito e começaste a traçar frases soltas que me ias atirando de chofre. Não me recordo do que trazias vestido - parecias-me despida de fobias - mas falavas-me da tua história com um orgulho e uma sensatez que me fizeram deixar o telescópio e a clarabóia e me sentaram hipnotisado na almofada mais atenta.


Íamos ali muitas vezes para observar o céu e falar sobre Literatura e Música. Todavia, a grandiosidade daquelas noites não encenava aquele sótão estéril, húmido e mergulhado na podridão. As janelas faziam daquele o refúgio que sempre procurámos.

(...)


Não sei quanto tempo passou. Não sei quantos mais cigarros fumaste naquela noite. Recordo ainda e apenas que te pedi para colocares uma capa de couro naquilo. O preciosismo daquelas folhas merecia um muro bem alto.

(Ricardo Leitão)